Aluguel em BH não cai mesmo com deflação no IGP-M

O comerciante Antônio Afonso, de BH, paga aluguel de R$ 1,38 mil pelo imóvel do bar e não aceita o aumento para R$ 3 mil. Preferiu levar o impasse à JustiçaOs preços medidos pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), fecharam o ano com deflação de 1,72%, a única queda desde o início da série histórica, iniciada em junho de 1989. Apesar de o indexador da maior parte dos aluguéis ter fechado no negativo, em um mercado aquecido, os inquilinos de residências e pontos comerciais têm enfrentado reajustes que superam a inflação, de 4,5% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pela lei, o locatário que paga um aluguel de R$ 1 mil teria direito em dezembro de renová-lo para R$ 982,88, uma redução de valores que na prática não tem ocorrido. A expectativa do mercado imobiliário é de que em 2010 a valorização dos imóveis siga em alta, elevando o custo da locação.
Em novembro, o preço médio dos aluguéis cresceu 1,07% em Belo Horizonte, ante uma inflação de 0,62%, calculada pela Fundação Ipead/UFMG. No ano, o IPCA acumulado é de 4,58%, enquanto os aluguéis subiram em média 13,66%, quase três vezes mais. O comerciante Antônio Afonso paga aluguel residencial e comercial. Apesar de o IGP-M apresentar variação negativa desde julho, o contrato residencial do comerciante foi reajustado há três meses, saltando de R$ 290 para R$ 339, uma valorização de 15%. “Acho meu aluguel muito alto. As instalações são velhas, não tenho interfone nem conforto, mas, para não ter que mudar, decidi aceitar o aumento”, conta Antônio.
A valorização dos imóveis vagos em Belo Horizonte não acompanha nem de longe a variação do IGP-M. “De um ano para outro, o valor de novos imóveis a serem alugados cresceu 20%”, afirma Reinaldo Branco, vice-presidente do Sindicato das Administradoras do Mercado Imobiliário. Segundo ele, apesar de o IGP-M ser negativo em 2009, deve haver um acordo entre inquilino e proprietário. “Se ele está vendo que o preço de mercado do seu imóvel está defasado, deve entrar em acordo, para continuar no imóvel.” Segundo Maria Inês Dolci, coordenadora da Pro Teste, entidade de Defesa do Consumidor, a Justiça deve ser o último caminho. “A conciliação sempre é o melhor para as duas partes. O depósito em juízo é a última opção.” No entanto, na prática nem sempre o caminho do meio é possível.
O comerciante Antônio Afonso conta que este ano seu aluguel comercial já subiu mais de uma vez, a discussão se tornou litigiosa e foi parar na Justiça. “Os reajustes de aluguéis em Belo Horizonte estão uma loucura, um abuso. Não aceitei que o meu contrato fosse reajustado de R$ 1.380 para R$ 3 mil e, por isso, estou na Justiça.”
Quem seguiu o índice de reajuste do IGP-M desde o início de sua série histórica, investindo 100 cruzados novos em 1989, teria hoje o equivalente a R$ 410,72. Segundo o professor de finanças Paulo Vieira, se comparado com a poupança a partir de 1994, quando foi implementado o Plano Real, a caderneta teria rendido hoje, a quem investiu R$ 100, R$ 674,87. Já um aluguel de R$ 100, medido pelo IGP-M no mesmo período, seria hoje o equivalente a R$ 438,99.
No entanto, quem paga aluguel não acredita que o rendimento para os proprietários tenha seguido equivalente ao da matemática do índice. O jornalista João Veloso mudou de São Paulo para Belo Horizonte há dois anos e ficou assustado com a pouca oferta de imóveis. “Nos jornais é comum ver anúncio de imobiliárias oferecendo clientes a quem tem imóveis.” Este ano, ele mudou do Bairro Prado para o Buritis, onde a oferta é maior, para manter o padrão do apartamento alugado. “Se continuasse no mesmo bairro, em vez de R$ 1,3 mil, teria que pagar aluguel de R$ 1,9 mil.”
O coordenador do IGP-M, Salomão Quadros, explica que o Índice de Preços no Atacado foi a maior pressão negativa para o IGP-M, impulsionado pela indústria e a agricultura que estão ligados ao mercado internacional e tiveram seus preços desvalorizados. Já o varejo e os serviços que também compõem o índice, ficaram preservados. (PortalUai)

Fonte: http://gestor-imobiliario.blogspot.com/search/label/reajuste%20alugueis