Compra para Locação
Aumento da procura por aluguel atrai investidores
Imóvel para locação na capital fica vazio por, no máximo, 41 dias
Economia em alta aumenta procura por um e dois - dormitórios; aluguel subiu mais que média de preço
Cristiane Capuchinho
De São Paulo
Em São Paulo, o mercado aquecido e a valorização dos imóveis aumentam o interesse de investidores por comprá-los. Para quem pensa em adquirir um para alugar, o cenário é promissor: combina boa demanda e alta nos valores dos aluguéis.
“Temos notado um grande aumento no número de locações de um ano para cá”, afirma Cícero Yagi, consultor de locação do Secovi-SP (Sindicato da Habitação). “A melhora da economia leva pessoas a morarem sozinhas”, justifica.
A velocidade para fechar o contrato de aluguel mostra a boa demanda.
De acordo com levantamento do Secovi-SP com 120 imobiliárias, em agosto, um imóvel residencial levava de 12 a 31 dias para ser alugado na capital. Os que têm um dormitório não passaram mais de 21 dias vagos; as unidades com três quartos ficaram livres por até 41 dias.
Alexandre Ruiz, diretor do portal ZN de imóveis – que atua nas zonas leste, norte e oeste – afirma que as unidades do site são locadas, em média, após uma semana.
Apreciação
A dificuldade em encontrar unidades vagas reflete no preço. Os contratos fechados em agosto, segundo a mesma pesquisa, registraram valores de aluguel 11.44% maiores do que os contratados há um ano.
O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado da Fundação Getulio Vargas) acumulado nos últimos 12 meses somou 6,99%.
Imóvel é investimento de logo prazo
Compra de bens é indicada para quem possui perfil conservador e não tem urgência para receber rendimentos
Aquecimento do mercado reduz número de imóveis vagos, mas isso não é sinal de valorização geral
Adriana Abreu
Colaboração para a Folha
O reaquecimento do mercado imobiliário paulistano chama a atenção para a possibilidade de comprar imóveis residenciais para alugar.
Especialistas ouvidos pela Folha consideram esse tipo de investimento ideal para que tem perfil conservador. Isso porque sua rentabilidade é baixa em comparação cm outros fundos – enquanto o aluguel residencial rende, em média, 0,6% do valor do imóvel, a renda fixa atinge 0,8% do capital.
“Comprar para alugar é indicado para quem busca segurança e valorização do patrimônio”, afirma Reinaldo Monteiro, professor de finanças do Insper (ex-Ibmec).
Ele destaca que esse não é um negócio indicado para quem pode precisar usar o dinheiro que será investido na compra.
“O investidor deve estar interessado complementar a renda”, acrescenta.
Bolívar Godinho, professor de finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração), ressalta que comprar para alugar só é interessante porque o mercado está aquecido, o que diminui o risco de ficar com o imóvel vazio por muito tempo.
Patrimônio
A compra na planta aumenta a chance de lucrar após a construção.
O bem se valoriza de 20% a 30% desde o início das obras até a entrega das chaves. Mas o comprador deve ponderar que, durante cerca de 24 meses, manterá o dinheiro imobilizado na construção.
Uma alternativa é investir em um imóvel usado – quando se consegue um valor abaixo do de mercado. È um investimento difícil de ser feito por leigos, por isso exige consultoria profissional.
“Conhecer as características da região de interesse é um dos fatores que evita riscos”, aconselha Godinho.
Para quem já tem o dinheiro em mãos, a compra é mais vantajosa, pois permite barganhar por melhores preços.
Mas, se o investidor tiver necessidades de financiamento, o negócio se complica.
Para Roseli Hernandes, diretora comercial da imobiliária Lello, o primeiro passo é calcular o gasto total. “É preciso comparar o aluguel [a ser recebido] com as despesas embutidas no financiamento: valor da parcela, juros, despesas com reforma e outras tarifas”, diz.
VALE SEO INVESTIDOR
-Não precisar do dinheiro em até cinco anos
-Tiver dinheiro em caixa para emergências
-Não precisar de financiamento
NÃO VALE SE O INVESTIDOR
-Quiser lucro a curto prazo
-Não conhecer o mercado imobiliário
-Não quiser se preocupar com manutenção
Análise
Valor a ser investido não deve passar de 50% do patrimônio
Fabiano Calil
Especial para a Folha
Nós, brasileiros, aprendemos, no período inflacionário, que investimento deveriam ser feitos de tijolos.
Mas, com a evolução do mercado financeiro e altas taxas de juros, o imóvel foi
colocado em xeque.
E agora, é um investimento recomendado? Com certeza, desde que o valor investido não represente mais do que 50% do patrimônio familiar.
Para um jovem, locar um imóvel pode não ser a melhor opção. Mas a idéia de comprar um bem, em busca de valorização, pode ser interessante. O jovem tem tempo para se arriscar e não precisa da renda segura.
Já para um aposentado, que precisa de renda complementar, receber aluguéis e ainda ter um patrimônio a deixar para a família pode ser a melhor opção.
Há sempre que se lembrar, porém, que o mercado imobiliário apresenta riscos. Além da concentração de renda, o proprietário pode sofrer com a falta de liquidez, a inadimplência e a vacância.
Temos de lembrar também os impostos. Uma família que possua um imóvel e receba uma renda acima de R$3.000 deve pagar aproximadamente 27,5% de Imposto de Renda sobre os aluguéis recebidos. No caso das ações, não existe essa cobrança sobre dividendos.
Estou defendendo o investimento em ações? Não, apenas desmistificando os risco envolvidos em cada ativo.
Perguntam, “posso pegar um financiamento e pagá-lo com o valor do aluguel?
Se, no momento de uma possível inadimplência, sua renda mensal permitir assumir o valor da parcela do financiamento, mais o condomínio e o IPTU, diria que pode ser uma alternativa. Caso contrário não.
Deve-se vender um imóvel para aproveitar a valorização? Esse não é um costume brasileiro, mas quem quer ganhar na valorização deve determinar um objetivo para o investimento antes de entra nele. Se a expectativa é de dobrar o valor em dois anos, quando atingir esta cota, deve-se vendê-lo.
Caso contrário, a ganância pode fazê-lo segurar o imóvel e ele pode cair de preço. Não é esse o cenário que vemos, mas antes da crise achávamos que as ações só subiriam.
Fabiano Calil é economista e conselheiro patrimonial familiar com certificado CFP (Certified Financial Planner).
PERFIL DO INVESTIDOR
-Conservador
-Gosta de ter patrimônio
-Não visa ao lucro imediato
-Possui reserva de capital para emergências
-Quer ter uma renda mensal segura
-Tem interesse por valorização imobiliária
-Possui disponibilidade para cuidar do imóvel
PASSO A PASSO DA COMPRA
1-Avalie quanto você tem para investir e em quais regiões pode fazê-lo
2-Procure uma imobiliária na região de compra
3-Informe-se sobre valor do IPTU e taxa de vacância
4-Contrate um advogado para analisar os risos
Fontes: Imobiliárias e especialistas
Flat é opção que dispensa contato com inquilino
Colaboração para a Folha
Comprar flats ou apartamentos em hotéis é uma possibilidade para quem quer entrar no mercado de locação sem se preocupar com o inquilino, que entra em contato apenas com a administradora ou com o hotel.
A rentabilidade não é muito diferente daquela locação residencial – varia de 0,4% a 0,6% ao mês.
Nesse caso, o investimento também dá retorno a longo prazo, e o lucro depende da taxa de ocupação.
“Na maioria dos empreendimentos, as unidades fazem parte do ‘pool’ de locação. Quem aluga não conhece o proprietário”, ressalta Cristiano Vasques, da consultoria de investimento HVS.
O consultor de investimento Marcio Nobre pede atenção ao investimento, pois o retorno é um pouco menor, já que são descontadas taxas administrativas - cerca de 5% do total arrecadado – e os resultados são distribuídos entre os investidores.
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO