Imóveis sob medida

Revista EXAME edição 833 ano 38 – nº25        São Paulo, 22 de dezembro de 2004

 

Como funciona o build to suit, o sistema de construção em que o inquilino é quem manda.

 

 

            Quando o ibmec, uma das mais importantes escolas de economia e negócios de São Paulo, decidiu no ano passado que se instalara na zona sul da cidade, apareceu uma dificuldade. “Os prédios disponíveis na região não eram adequados para salas de aula”, diz José Antônio Capito, diretor da faculdade. Construir uma sede própria estava fora de cogitação – seriam necessários pelo menos 40 milhões de reais. “Nosso negócio é educação, e não imóveis”, afirma Capito. Após mais de um ano de busca de um terreno, aprovação de plantas e negociações com parceiros, a obra vai acontecer. O edifício será financiado por investidores do setor imobiliário e alugado ao ibmec por 18 anos. Tudo no projeto é sob medida para o futuro inquilino – há um lugar reservado até para os livros na biblioteca.

            Conhecido como build to suit (algo como “construção por encomenda”), esse sistema em que um prédio é construído para servir um locatário específico é comum nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil começou a ser praticado há menos de dez anos para erguer prédios industriais, como centro de distribuição. Ultimamente, tornou-se uma alternativa para prédios comerciais. Além do novo ibmec, a nova sede comercial da Rede Globo, no bairro paulistano do Brooklyn, será construída assim. Essas empresas estão seguindo o exemplo de outras, como a Vivo, que se instalou em 2003 na zona sul da cidade num prédio feito sob encomenda. No Rio de Janeiro, Petrobrás passará a ocupar um edifício Build to suit na avenida Almirante Barroso, no Centro, que custará À estatal 2,7 milhões de reais por mês de aluguel. “Cerde 70% das emissões de fundos imobiliários de varejo agora vão para construções desse tipo”, diz Fábio Nogueira, diretor da brasilian Mortgages, especializada em operações financeira para o mercado imobiliário. “Esperamos que 15% de nossa receita venha do build to suit”, diz Luiz Cláudio Nascimento, Presidente da construção Gafisa.

 

                                                                                                                      NATASHA MADOV