Reforma valoriza imóvel para locação

FOLHA DE SÃO PAULO                   SÃO PAULO, 26 DE DEZEMBRO DE 2004

 

Seminovos Mau estado de conservação diminui interesse em alugar; a idade média dos residenciais beira os 30 anos.

 

A virada do ano incentiva a mudança de ares e também de teto. Porém, alugar uma casa nova pode se tornar uma promessa de Ano Novo difícil de cumprir.

            Não há uma estatística precisa, mas Sergio Lembi, 47, vice-presidente de locação do Secovi-SP (sindicato das construtoras e imobiliária), estima que cerca de 10% dos imóveis com placa de “aluga-se” tenham problemas na pintura, nas instalações hidráulicas e elétrica  e nas esquadrilhas.

            Essa questão é gravada, diz, pela idade média avançados residenciais, que beira os 30 anos. Na opinião de Rogério Robotton, 25, diretor financeiro imobiliária Robotton, o problema começa na falta de visão dos proprietários.

            “Eles não querem gastar e preferem ficar com o bem “parado”, relata. “De nossa carteira de 5.000 imóveis, de cada 10,3 necessitam de reforma”.

             Há donos que optam por uma espécie de parceria com os locatários. “Dão uma carência de um ou dois meses para que o inquilino possa fazer a reforma necessária”, explica José Augusto Viana Neto, 53, Presidente do Cresi-Sp (conselho de corretores).

            Mas, para Lembi, a Estratégia tem sido pouco aceita. “Por que o inquilino se sujeitaria a arcar com uma despesa que não é dele?”, questiona. “Há oferta habitável”.

            “A manutenção é um dos pontos fundamentais para a locação”, afirma Roseli Hernandes, 42, gerente-geral da Lello Intermediadora de Negócios. “E é mais fácil faze-la constantemente do que deixar o bem se acabar. “Entre os defeitos, ela destaca “pinturas ruins, vazamentos e infiltrações”.

 

Banheiro e cozinha

 

            Muitas vezes, pequenas mudanças já fazem diferença. “Uma nova pintura, de saída, já faz com que surjam interessados”, observa Feliciano Giachetta, 50, sócio da imobiliária FGI.

            “Dá para trocar as louças dos banheiro com R$ 100 ou R$ 150. É preciso ao menos fazer o básico, como não deixar fios pendurados. Há ‘spots’ que custam 5”.

            Banheiro e cozinha são os primeiros que, arrumamos, devolvem valor ao bem, segundo Bernd Rieger, 63, sócio da Rieger Auditoria de Investimentos.

            Se o capital está curto e as obras está custo e as obras são indispensáveis para atrair um inquilino, pode-se optar pelo financiamento. O Bradesco, em parceria com o Secovi-SP, lançou neste mês uma linha de crédito específica para locadores que precisam reformar o imóvel.

            Até o limite de R$ 10 mil, os recursos serão emprestados com carência de 120 dias, prazo de pagamento de até 24 meses e juros de 1,98% ao mês.

            A Nossa Caixa também tem linha de financiamento para reforma, que disponibiliza até R$ 60 mil com juros de 16% ao ano.

            Entre os imóveis em boas condições, as oportunidades estão nos quatro cantos da cidade. “Da Saúde ao Jabaquara existem ofertas interessantes nas proximidades do metro”, aponta Giachetta.

            Hernandes cita as ruas paralelas à avenida Paes de Barros, na Mooca, “bem procuradas e com preço mais em conta”.

            Por outro lado, especialistas são unânimes ao apom=ntar concentrações dos mais degradados. “Estão na região central – Bela Vista, Cambuci, Glicério”, Poderá João d’Ávila Neto, sócio da Amaral d’Ávila Engenharia de Avaliações.

            “Há imóveis abandonados ao longo da  Radial Leste”, completa Hernandes.

 

(EDSON VALENTE)