Seguro-fiança cresce em SP

JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO

 

"Quer ser meu fiador?" A questão causa, do lado de quem pede constrangimento, e do de recebe a proposta, arrepios. Mas pode ser -e tem sido- evitada com outras alternativas de garantia de aluguel.

            A que mais tem crescido, de acordo com pesquisas de entidades imobiliárias paulistas, é a do seguro-fiança.

            Números do Creci-SP (conselho regional de corretores) indicam que, em janeiro, a porcentagem de utilização dessa modalidade nos contratos de locação na cidade de São Paulo era de 13,04%. Em junho, já somava 19,28/%.

            Dados da Secovi-SP (sindicato de administradoras e imobiliárias), por sua vez, indicam que o seguro-fiança saltou do  patamar de 11,5% a 12%, nos primeiros meses de 2006, para o de 15,1%, em maio deste ano.

            Especialistas apontam comodidade para o locatário e maior segurança para o locador como fatores que tem impulsionado esse crescimento.

 

Caro

            Mas muitos usuários são taxativos ao afirmarem que seu custo, que é de cerca de um aluguel a um aluguel e meio a mais por ano para imóveis residenciais, é muito sentido no bolso.

            "Pesou bastante porque, quando a gente muda, há várias outras despesas", raciocina a professora Fernanda Lustosa.

            "Achei caro", corrobora a empresária Vanessa Figueiredo Simão, 27, que optou pela modalidade para um imóvel comercial. "Custou mais ainda, dói aluguéis e meio", ressalta.

"Mas prefiro pagar do que incomodar outra pessoa".

            Esse princípio também foi adotado pela produtora Ana Paula Galdieri, 29.

            "Foi rápido contratar o seguro, e nem achei tão caro. Meus pais têm imóvel só fora da cidade e eu não tinha tempo de correr atrás de outro fiador. Não incomodei ninguém", lembra.

            Para o proprietário, a vantagem apontada por Hubert Gebara, vice-presidente do Secovi-SP, é a maior rapidez para receber os aluguéis atrasados em caso de inadimplência.

 

Dinheiro em 15 dias

            "Com o fiador até que a ação seja executada na Justiça, o locador pode levar dois anos para receber dinheiro", estima.

            "No caso do seguro, uma vez proposta a ação, caracteriza-se o sinistro, e , em cerca de 15 dias, a seguradora já começa a ressarcir os valores".

            Mas José Augusto Viana Neto, 56, presidente do Creci-SP, alerta para um senão importante. "Se o contrato do seguro vence antes do de aluguel e não é renovado, o proprietário fica sem garantia", observa.

            Isso pode acontecer porque os acordos de locação duram, geralmente, 30 meses, e o seguro-fiança, válido por 12 meses, não tem renovação automática.

            "O locador precisa sinalizar que quer continuar com aquela garantia", especifica Adilson Pereira, 47, diretor de fiança locatícia da Porto Seguro, que comercializa o produto.