Troque aluguel por prestação da casa própria

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Se você mora de aluguel e possui algum dinheiro em caixa ou recursos no FGTS que poderiam ser usados para dar uma pequena entrada na compra do imóvel, deve pensar seriamente na aquisição da casa própria, porque o momento é favorável e as condições melhoram a cada mês. Os juros estão bem mais baixos, a previsibilidade das prestações é bem maior e os riscos de ocorrer o que houve no passado com milhares de mutuários - que tiveram problemas em pagar os financiamentos, por conta da inflação desenfreada - são reduzidos diante da estabilidade atual da economia brasileira.

Você pode até ter que optar por um apartamento menor do que o alugado, mas estará aumentando seu patrimônio e depois poderá financiar outro imóvel, dando o antigo como entrada para amortizar o débito.

Imagine que sua família paga R$ 1 mil de aluguel. Supondo juros de 9% ao ano, em um financiamento bancário pelo SFH, em 10 anos, com esse valor, poderia financiar cerca de R$ 80 mil, em um imóvel de R$ 100 mil, por exemplo, dando R$ 20 mil de entrada, ou via FGTS ou com recursos próprios. Essa prestação será corrigida pela TR, mas ela se situa em 2% ao ano, bem menos do que a grande maioria dos indicadores que reajustam os aluguéis. Se quiser, pode optar por um financiamento menor, se tiver mais recursos disponíveis, ou um imóvel de valor mais baixo. É claro que ainda existem outros fatores que elevam a prestação, como o seguro, mas que deve representar cerca de R$ 50 ao mês.

Aluguel - Primeiro você deve pegar o aluguel que paga para poder fazer a conta de quanto poderia financiar. Tudo dependerá também do prazo, que pode ser até maior que os 10 anos do exemplo, o que reduziria o valor das prestações, e da parcela do imóvel que o banco financiará. Mas os ventos são favoráveis para os mutuários. Os prazos estão crescendo, já chegam a 15 anos, e o limite de financiamento também é ampliado, podendo chegar a 80% do valor do imóvel em algumas linhas.

Depois precisa verificar as melhores taxas e condições, caso use o FGTS. Já existem planos com prestações fixas por dez anos, combinações de taxas fixas ou mais baixas no início do financiamento (veja opções abaixo), linhas de crédito para moradias a partir de R$ 40 mil, fora a concedida pela Caixa Econômica, financimento de até 80% do valor da unidade, ante 70% no passado, prazo estendido para 18 anos, ante 15 anteriormente, menor índice de comprometimento da renda e juros inferiores a 12% ao ano. A Caixa também voltou a financiar unidades com recursos da poupança, após 13 anos de ausência, e repetirá em 2006, o orçamento para a habitação.

Procure fugir do IGP-M como indexador, no caso dos contratos realizados diretamente com as construtoras. O ideal é optar pelas prestações fixas, que apesar dos juros maiores garantem a previsibilidade, ou reajustes do saldo devedor pela TR, que é mais controlada e tende a ser menor que os índices de preços no longo prazo

Opções - No Itaú, os imóveis a partir de R$ 100 mil para famílias com renda acima de R$ 3 mil estão com juros fixos de 1,45% ao mês, ou 18,9% ao ano. O comprador pode fazer planos de 60, 120 e 180 meses. Num imóvel de R$ 100 mil, por exemplo, o banco financia R$ 60 mil. Se o plano for de 180 meses, a prestação será de R$ 1.071,00 fixas até o final do contrato, mais taxa de cobrança e seguro. Supondo uma pessoa com 30 anos, a prestação subirá para R$ 1.161,00 com o seguro. A outra modalidade anunciada tem juros decrescentes. Nessa opção a taxa começa em 1,49% ao mês, nos primeiros 36 meses, e vai baixando a cada três anos, até 1,27% ao mês. No mesmo exemplo anterior, a prestação começaria em R$ 1.092,00 (sem seguro e taxa) e terminaria em R$ 1.007,00.
Sem dúvida, a alternativa dá muito mais previsibilidade ao comprador e essa é a sua grande vantagem. Com relação aos juros é preciso fazer ressalvas, porque as taxas não são baixas e existem opções melhores.

O Bradesco, por exemplo, porssui dois planos com prestações fixas. Na primeira alternativa, para imóveis residenciais, novos ou usados, com avaliação entre R$ 40 mil e R$ 120 mil, há o congelamento das prestações e do saldo devedor nos primeiros três anos, ou 36 meses, com limite de financiamento de 80% do valor do bem, ante 70% que estava em vigor. Nesse período, a taxa será prefixada de 0,949% ao mês ou 12% ao ano. A partir do 37º mês, a prestação passa a ser atualizada pela TR mais 12% ao ano. A segunda modalidade é para imóveis residenciais com avaliação a partir de R$ 350 mil com juros prefixados e sem correção monetária. O banco financia até 70% do valor do imóvel em 12 anos, com mensalidades iguais e taxa de 1,24% ao mês, que corresponde a juros anuais de 16%, ou seja, mais baixa que a do Itaú.

No caso do Banespa, no plano SuperCasa 10, você financia imóveis residenciais a partir de R$ 350 mil, por dez anos, com prestações fixas. O banco ainda oferece assessoria completa para todas as etapas do financiamento.

Condições - Mas você deve pesquisar e verificar as condições existentes no mercado, porque os bancos estão reduzindo os juros e lançando novas modalidades bastante interessantes. Uma política  interessante é a redução dos juros durante uma parte do financiamento. O Unibanco reduziu sua taxa de financiamento para imóveis até R$ 100 mil, para 8% ao ano mais TR, hoje em cerca de 0,2% ao mês, nos primeiros 36 meses de financiamento. Após esse período, a taxa será de 12% ao ano mais TR. Pode ser mais interessante do que as prestações fixas, porque a TR deve ficar em cerca de 2% ao ano e os juros serão menores.

O HSBC também baixou para 8% ao ano nos primeiros três anos os juros para imóveis com valor abaixo de R$ 100 mil. Depois desse período, a taxa sobe para 10,7% ao ano. Os bancos ABN e Sudameris também cortaram suas taxas de 12% para 9% ao ano durante todo o contrato para imóveis com valor até R$ 120 mil.

Já a Nossa Caixa, nas operações de aquisição ou construção de imóveis residenciais do SFH, reduziu as taxas de juros para até 7% ao ano, nas primeiras 36 parcelas. Para o financiamento até R$ 40 mil, a taxa será de 7% ao ano mais TR. Para valores entre R$ 40 mil e R$ 100 mil, a taxa será de 8% ao ano e de 10% ao ano, para financiamento entre R$ 100 mil e R$ 150 mil. Acima desse valor os juros serão de 12% ao ano mais TR. No entanto, nessa mesma faixa, se o mutuário for funcionário público e cliente do banco, o juro será menor, 11% ao ano mais TR

Jayme Alves