É bem mais barato fazer um filme com equipamentos alugados. Assim como sai também mais em conta alugar uma cama hospitalar, ou muletas, um piano ou ainda um contêiner para montar um escritório.
Há casos em que não há o que pensar: o aluguel é a melhor saída – ainda que a diária custe R$ 40 mil. É quando as produtoras de comerciais e de cinema investem na locação de equipamentos. “É claro, mas sai mais em conta que comprar uma câmera de ponta”, afirma Marcos Menescal, da Paradiso Films, produtora localizada no bairro de Perdizes, que se dedica a atender exclusivamente clientes de outros países. A câmara de ultima geração usada pelos profissionais do ramo é alemã Arriflex, cujospreços na Europa variam de 30 mil euros a 122.00 euros, sem as lentes. A câmara grava películas de 16 mm ou de 35 mm, material que garante a qualidade perseguida pelos cineastas e pelos publicitários. A tecnologia digital é desprezada no meio.
No Brasil, com as taxas e impostos, apenas o corpo do equipamento pode custar ate 200 mil euros, informa Fábio Valese, da JKL Cine, empresa de locação de equipamentos de cinema, há quinze anos em operação em São Paulo. Só a diária da câmara custa R$ 6 mil reais. Somem-se as lentes, os acessórios e a iluminação e chega-se à média dos R$ 40 mil informamos por Menescal. Apenas duas empresas alugam esse material no país. “O investimento é muito alto e a manutenção dos equipamentos exige mão-de-obra altamente especializada”, afirma Valese. A procura, em contrapartida, é freqüente: cineastas e produtoras de comerciais como o Paradiso Films são os principais clientes.
Há outros setores no mercado de locação tão especializados quanto o da JKL Cine. E que, igualmente, dispensam cálculos para se concluir que o aluguel é mais vantajoso. A Compass é uma das empresas que se dedica a alugar contêineres, aqueles caixotes de aço de 12 metros de comprimento por 2,4 metros de largura e 2,6 metros de altura, usados geralmente para transporte naval, mas procurados também para a montagem de escritórios ou habitações temporários em canteiros de obra. A peça de 3,5 toneladas de peso – ainda utilizada por algumas prefeituras para suprir a carência de salas de aulas de alvenaria – pode ser alugadas a partir de R$ 200 por ano. Segundo a empresa, a procura por esse tipo de serviço aumentou nos últimos cinco anos, a ponto de justificar a abertura de seis filiais no estado de São Paulo.
Para os músicos eventuais, a locação de piano de boa qualidade custa em media R$ 150 por mês e há pelo menos dezena de casas especializadas no ramo. É mais vantagem do que investir cerca de R$ 20 mil no instrumento que ocupa boa área na sala e que, dependendo de como é tocado, pode causar mais irritação que prazer.
Outro exemplo de compra dispensável: a cama hospitalar com comandos eletrônicos. O equipamento, só encontrado em hospitais de primeira linha, custa em média R$ 200 por mês. “Têm boa saída”, informa Fabiano Rodrigues, da Fisio-Med, especializada na locação de artigos hospitalares no bairro da saúde. Mas, diz ele, nada supera a procura por muletas: mais de 30 peças por mês, à média R$ 20 mensais cada peça: “Geralmente são usadas durante dez dias e depois devolvidas”. A pratica de quem esta a 6 anos no ramo mostrou a Fabiano que é prudente manter bom estoque de muletas às segundas-feiras. É nesse dia que as atletas de fim de semana ocupam o balcão de atendimento da empresa.